Like The Renegades!

abril 27, 2012

Ídolos





Hoje não é dia de desabafo. Hoje decidi falar sobre outro programa de televisão ... Os Ídolos, que começou à pouco. Se começaram a ler sem ver o video, façam o favor de parar e colocar no play se faz favor. Do que tenho visto até agora dos castings (pois agora é a fase do teatro, já não há cromitos para a gente se rir deles), este é dos que se sobressaí mais mas agora nesta fase é que se vai ver do que ele é feito realmente. Já ouvi uma rapariga que trabalhou com o La Féria(?) e que agora não me lembro do nome e a miúda canta imenso! Que vozeirão, têm é que aprender a controlar a voz. Hoje decidi falar dos Ídolos porque a história repete-se. Lembram do Filipe Pinto, o indeciso e que depois acabou por ganhar os Ídolos à dois anos atrás!? Exactamente o mesmo discurso mas não podemos comparar-los pois têm tons de voz diferentes, o alcance dos agudos também é muito diferente mas a coisa vai dar ao mesmo ... o rapaz agora ao ter passado vai entrar com outra fé como a que têm quando toca guitarra! Este é que não me importava que me fizesse uma serenata mas o meu namorado já se disponibilizou, é pena não cantar bem! É irónico fazer um post sobre os Ídolos e não falar sobre o jurí. Só digo isto: 'que lindos que eles são!' e que 'Podiam ter escolhido melhor' mas até agora disseram algumas coisas acertadas. E é melhor calar-me antes que seja perseguida pelas fãs do Tony!

a ser azeiteira às Sextas, Cas

abril 26, 2012

Escrever.



Torna-se sempre difícil começar um texto, por vezes as ideias são tantas que se sobrepõem umas às outras na minha cabeça, iniciando-se tal confusão que não há como iniciar certamente uma frase. E depois começamos a juntar esta palavra com aquela, esta frase com a outra, parágrafo e ponto final, algumas vírgulas pelo meio, até que, sem dar-mos conta, o início já não importa; já temos um texto apresentável, cheio de emoção, um texto digno de tal nome. No fim temos o que queríamos compilado perfeitamente num pequeno ou grande texto. Quando damos por nós, já as ideias se formam à velocidade da luz, tão rápidas que se torna um problema colher todas elas, tão rápidas que a nossa mente vira um turbilhão de emoções, palavras, ideias, opções... Um labirinto de imaginação. Somos consumidos pelo poder que faz as nossas mãos moverem-se sincronizadamente.. agitando os seus dedos sobre este teclado, ou segurando a caneta privilegiada para iniciar este trilho. Um trilho de pensamentos, de sentimentos, um trilho organizado pelo cérebro, ditado pelo coração.
Não é fácil como por vezes parece. Quantas vezes damos por nós a reescrever uma e outra vez a mesma ideia, só porque tal frase não encaixa com o resto, ou não se enquadra com a ideia geral? Só porque não eram aquelas as palavras exatas, ou não era assim que soava convenientemente? Quantas vezes as palavras chave nos escapam para os locais mais recônditos e inóspitos, impedindo-nos de as alcançar? Fazendo-nos recuar porque aquela vírgula não foi bem colocada e não queremos dar aso a dúvidas; ou porque aquela exclamação soa demasiado arrogante naquele contexto?
Lemos, relemos, voltamos a ler, retornamos a dar uma vista de olhos... Erros. Surgem de todos os lados. Principalmente quando na nossa mente habituam mil e uma situações e o nosso corpo está demasiado entorpecido para alinhar tudo com a linguagem correta. E quantas vezes voltamos ao ponto de partida, apagando qualquer registo da bagunça que protagonizava anteriormente? Quantas vezes nos obrigamos a iniciar tudo de novo, sem ponto de partida fixo, apenas e só seguindo o que a nossa mente conjectura?
E quando a imaginação se esvaí, abandonando-nos, fazendo-nos perder a cabeça pela vontade e necessidade de formar frases que componham aquele texto? E quando a inspiração não funciona? Quando aquilo que outrora nos fez produzir belas palavras, não nos permite mais tal feito... 
Escrever... Ninguém disse que era fácil, mas está tudo na cabeça... E no coração, de cada um. 

Bree Emma Sommers, 
Renegada das quintas.

abril 25, 2012

Saturação.


Sabem quanto chegamos a um ponto em que já não conseguimos ouvir as lamúrias de alguém, quando nos fartamos por completo de tudo? Quando até a música que nos relaxa nos irrita profundamente? Quando só queremos mandar uma pessoa calar-se e isolarmos-nos por um determinado tempo? É como me sinto hoje. Irrito-me com pouco e sinceramente, só me apetece mandar algumas pessoas à fava e ultimamente só me tem apetecido viajar. Pegar no carro e conduzir sem destino, até me dar na cabeça e voltar para casa. Afastar-me de tudo um pouco, clarear as ideias, limpar a mente. Mas como isso não vai ser possível, vim deixar este desabafo para vocês. Este é o meu refúgio actual. Sei que estavam à espera de um post em condições, mas perdoem-me.

Um beijinho da vossa Renegada às Quartas-Feiras
Ruth Pacheco

abril 24, 2012

Future

Tenho pensado muito no meu futuro, naquilo que quero fazer da minha vida e não tenho chegado a qualquer conclusão. Uns dias acordo decidida a enveredar por uma área, mas noutro dia já não acho que tenha tanto jeito para isso. Às vezes vejo-me num determinado emprego e outras vezes num diferente. É como se eu fosse duas pessoas e a verdade é que não me agrada nada esta situação. Não tarda nada terei de escolher a Universidade para que vou e eu não sei o que escolher. Iniciei o ensino secundário com um objetivo definido, porém agora mantenho-me reticente quanto a ele. Para além do mais, e não estou a dizer que a culpa seja disso, por que razão com catorze ou quinze anos tenho de decidir já o que quero? Que maturidade muitos têm para o fazer? Eu sei que os testes psicotécnicos ajudam, mas nunca ajudam muito quando se trata de escolher o nosso caminho para a posterioridade. Não sei o que fazer, tento não entrar em pânico cada vez que me abordam sobre aquilo que eu quero ser e não pensar em demasia, mas raios, daqui a menos de dois meses tenho de ter a minha opção tomada e acho que estou a anos-luz de o fazer.

Hayley Logan, a Renegada indecisa das Terças

abril 23, 2012

Fragmentos

Ela costumava ler livros sentada no banco de jardim por debaixo de um ramo de uma árvore frondosa. Lia sobre homens que nunca conheceria, sobre personalidades que nunca teria, sobre amizades que nunca ninguém iria nutrir por ela, sobre relacionamentos que ela sabia serem impossíveis devido à vida que levava.
Ela passava a vida a sonhar. A imaginar o dia em que conheceria a pessoa ideal, as palavras carinhosas que lhe iria dizer, mas depois aterrava e apercebia-se do mundo inóspito em que vivia. Sabia que por mais que tivesse mudado tudo iria permanecer imutável.
Ela sabia que por mais que tivesse mudado, o seu passado iria atazaná-la e julgá-la como se ela fosse uma criminosa. De facto, ela tinha sido uma criminosa, ainda hoje se culpabilizava e enchia a sua cabeça com hipotéticos "Se", mesmo sabendo que era ela ou ele.
Costumavam apontar-lhe o dedo, acusá-la de ter morto uma pessoa, quase lhe escancarando o artigo de que a vida era inviolável à frente dos seus olhos violeta. Sim, ela tinha-o morto e se fosse preciso fá-lo-ia de novo. Não, ela não estava disposta a sofrer novamente os mesmos abusos, a mesma violência com que era recebida quando chegava exaurida do emprego a casa. Não estava disposta a aturar as embriaguezes constantes do namorado que faziam com que o seu subconsciente ficasse distraído e ele lhe proferisse palavras acutilantes que despedaçavam o seu fraco coração. Certo era que ele desculpava-se mil e uma vezes, alegando que nunca mais o iria fazer. Jurando pela sua própria vida, mas o Diabo parecia estar sempre do seu lado. Embalando-o como uma criança com pesadelos e o anjo dela parecia adormecido. Não obstante, embora ela soubesse que era injusto, ninguém lhe perguntava o que se tinha passado para ela ter feito o que fez. Ela não o teria feito se não tivesse razões para tal, mas todos pareciam ver o caso superficialmente. Trocaram os papéis do Diabo com Anjo e ela era o Diabo para todas as pessoas que por ela passavam. Ela tinha morto o namorado porque era uma meretriz. Ela tinha morto o namorado porque não tinha mais nada para fazer. Ela tinha morto o namorado porque ele a traiu.
Não. Não. Não. Três mil vezes não!
Ele não a tinha traído, pelo menos que ela soubesse, ela não o tinha morto porque lhe apeteceu e muito menos porque era uma meretriz. Ela matou-o porque ele tentou matá-la de modo atroz. Recordava-se perfeitamente desse dia. Tinha chegado a casa na esperança de ver Joe sóbrio e de braços abertos para a receber, mas ao invés disso viu-o sentado no sofá com uma faca pronta a cravar-lhe no peito. Receosa, ela avançou tentando não mostrar medo, mas ele derrubou-a e tentou matá-la enquanto a chamava de vadia. Ela não teve hipóteses. Ao mínimo fraquejo dele, cravou-a no seu peito, chorando junto dele assim que o seu olhar ficou vidrado em direção ao teto. No entanto, nunca ninguém lhe perguntou o que se tinha passado e ousavam tratá-la como se ela fosse uma criminosa vil. 
Anos depois, aquilo que a alegrava eram os livros recheados de tudo aquilo que ela nunca poderia vir a ter.

Hayley Logan

abril 20, 2012

Analisar

Eu tenho a mania da retrospecção. Olho para o passado, mesmo que seja à duas horas atrás e analiso o que fiz, a maneira como o fiz e o principal: o que deixei por fazer. Normalmente, não me sinto mal pelo que deixei por fazer pois acabo sempre por dizer a mim mesma 'Ainda bem que não o fizeste pois iria dar merda, Cas' e é assim que me desculpo. Uma coisa que me custa muito fazer é não dizer o que tenho a dizer no momento, a cada discussão ou desentendimento. Tenho a mania de calar e pronto. E a barragem vai enchendo até ao dia em que rebenta e tenho dias como o de hoje. Acordei cansada (odeio quando isso acontece!), a minha mãe fez-me a cabeça em água e agora escrevo, escrevo para me salvar e não dar em maluca. A única parte boa do meu dia foi quando estive com o meu namorado e ele me disse que se sentia bem comigo. Então, fiz a tal retrospecção e pensei 'Meu deus, como é que te sentes bem comigo? Sou um desastre! Só digo asneiras, arroto, não tenho medo do que as pessoas pensam ou deixam de pensar' e depois penso 'Ok, não podes ser assim! Tens que moderar-te em público' e depois fico ali a pensar nisto e acabo por concluir, de novo, 'Que se lixe! Ele gosta de mim assim!'. Se há pessoas que conseguem gostar de nós como somos, com todos os defeitos e parvoíces porque duvidar? É incrível como se consegue gostar assim. Mas o problema não têm sido esse, aliás ... é isto que me têm salvado, é o amor dele que me têm mantido de cabeça erguida pois as coisas estão a acumular-se. A saída de casa, a entrada na universidade, o completar o curso, o arranjar emprego, um casa, uma vida estável. E se eu não conseguir nada disto? E se eu falhar? Decerto, vocês já se perguntaram o mesmo. E se falhamos? O que fazer a seguir? Tentar de novo? Arriscar de novo? Ou desistir e escolher outro caminho? Não tenho tempo para andar a remediar, nem dinheiro! Um passo em falso para a frente são dois passos certos para trás. Como lidar com isto? Falar com alguém? Estou cheia de dúvidas e medos que não têm sentido! Será que estou mesmo a dar em maluca?

Isto é só problemas existenciais. 
Cas, a tentar encontrar a ponta do novelo!

abril 19, 2012

Orgulho.



Mudo, caminho por entre esta multidão que se agrupa. Arrepio caminho por entre olhares furtivos, deslizo subtilmente perante faces preenchidas pelo escárnio, trepo montanhas de ignorância e grito aos sete ventos a malicia do meu ser. Não sou fraco. Da minha boca jorra a glória, dos meus olhos escorre o poder. Fiz-me rei desta sociedade hipócrita e impero na desistência dos demais.
Passeio lado a lado com a raiva e trago como parceira a ignorância. Os meus rivais acumulam-se, mas aprendi a resguardar-me deles. Não sou fraco. Fujo daqueles que me perseguem, que me condenam, e reapareço, pronto a reinar nas mãos dos impotentes. Desvio atenções do que não acho ser importante, ou do que penso ser importante demais para ser escutado.
Controlo quem quero, e quem por mim se deixa consumir. Vingo a minha arrogância nos inocentes que suplicam por uma nova chance. Ocupo almas fracas, faço delas o meu alimento. Do meu olhar irradia a ira e do meu corpo sobressaí a vitória.  Não sou fraco. Apenas vingo por entre os menos firmes. Por entre aquelas que ao Diabo concederam as suas almas. Por entre aqueles que suplicam a minha vinda num ato irracional de poder imoral.  Dono da razão, parceiro da resistência, habito nos desesperados. Nas minhas emboscadas, armo as armadilhas frias e traiçoeiras do destino. 
Sou aquele que perante uma última lágrima, abandono de sorriso estampado neste rosto cravado pelo repugnante Amor que em mim desfere golpes demasiado vigorosos. Fujo, persigo, escondo-me e retorno, a cada dia mais voraz, a cada da mais cruel.  Sob mim espreita a esperança, mas sobre ela tenho eu poder. A mim ela responde com solenidade. Não sou fraco. Há muito que procuro em mim as falhas de outrora e a cada nova manhã, ergo-me mais imponente e vingativo. Não sou mais o que fui outrora. Sou melhor. Mais experiente. Reino nesta sociedade oca, vingo sobre os inocentes. 
Poucos me vencem. Poucos me reconhecem. Poucos me fazem frente. Muitos a mim se submetem. Muitos a minha existência negam. Muitos clamam o meu nome e suplicam a minha chegada. Muitos em mim assentam o que lhes convém. Não me importo. Nasci para Reinar. Implacável e nunca resignado, prossigo neste caminho cada dia mais extenso e plano. Enquanto as almas fracas se entregarem ao Diabo, a minha fome será saciada. Enquanto as almas inocentes sucumbirem às Trevas, a minha sede será saciada. 
O meu nome é Orgulho. A meu lado caminham os meus aliados. Ódio, Desilusão, Impotência, Ignorância. 
Contra mim tenho apenas o mais forte dos inimigos. O Amor. Ele tem os seus aliados, eu tenho os meus. 
Até quando poderei ganhar as batalhas?

Bree Emma Sommers ,
Renegada  às quintas, 
por fim a tempo e horas :) 
hope u like :)

abril 17, 2012

Time

Sempre ouvi dizer que para aquilo que queremos temos tempo. É verdade. Quando queremos muito algo, temos sempre tempo para tudo ou, se porventura não temos, abdicamos de algo para o fazer. Confesso que há uns tempos atrás eu não pensava desta forma e achava as pessoas que se lamuriavam de ter milhentas coisas para fazer altamente esquisitas, mas agora percebo-as e as pessoas agora é que me julgam como eu as julgava há uns anos atrás. Todos os dias acordo a enumerar aquilo que tenho a fazer e adormeço a pensar no que tenho para fazer. Claro está que frequento a escola, último ano de ensino secundário de uma área não muito simples quanto eu gostaria, frequento alguns dos clubes, fora ajudar cá em casa, estar com os meus amigos e os meus projetos pessoais. O mais interessante de tudo isto é que eu aparento ser uma pessoa despreocupada. Aliás, eu sou despreocupada porque sei que tenho tudo elaborado e que tenho tempo e se não tenho, arranjo-o. Por vezes faço algumas trafulhices no estudo, mas arranjo tempo para aquilo que quero. No entanto, sinto que se não tivesse este ritual diário de protelar algumas coisas em função de outras, eu deixaria pura e simplesmente de existir porque eu sou assim. Um dia em que eu não escreva ou não leia, é como um dia no Inferno. Um dia em que não adiante sequer uma frase, não é sequer um dia porque já está tudo tão enraizado em mim que é como se eu não vivesse. Ajuda muito ser conhecida como baldas que não se importa com as coisas, mas por detrás da máscara há algo que não se consegue descortinar de mim e por isso é que ninguém se lembrou de um pequeno segredo sobre mim embora eu fale abertamente sobre ele. De qualquer das formas, espero que nunca tentem esgatanhar a minha máscara inofensiva. 
Por esta altura, muitos de vocês já devem estar a pensar o que eu quero dizer com este palavreado. Eu explico: Eu quis desistir deste projeto por falta de tempo. Não sei se fui eu que me convenci de tal ou estou mesmo atolada, mas quis fazê-lo. Dei uma margem a mim própria para ponderar abandonar isto. Mas, eu pensei, sim eu de vez em quando penso, e cheguei à conclusão que se saísse eu nunca iria encontrar parceiras tão fenomenais como a Bree, a Cass e a Ruth, portanto decidi ficar. Tal como iniciei este texto, quando queremos há tempo. E aqui estou eu e espero que por muitos e longos anos! 
É, atirem-me com ovos podres que eu mereço. 

Hayley   Logan

Com uma única bala.



Gotículas de suor agrupavam-se na minha testa enquanto o meu corpo tremia a cada aragem que passava.  A minha cabeça incitava-me a não parar a marcha, mas o meu corpo parecia entorpecido pelo medo. Cerrei os olhos e respirei fundo. Tinha uma missão a cumprir. Ergui a cabeça e obriguei-me a prosseguir caminho.
Encolhi o corpo junto ao chão e em passos curtos mas furtivos, avancei até a um monte de areia a poucos metros de distância, escondendo-me na sua retaguarda. Empunhava uma sniper que se encontrava apontada para o inimigo. Aquela arma ainda causa em mim um horror descabido, mesmo após todos estes anos...
Num estrondo exacerbado, ouvi uma granada a explodir a poucos metros de mim. Tremi e atirei-me para o lado. A última coisa que desejava naquele momento era ficar sem um membro ou até mesmo morrer, sem antes concluir a missão que me havia sido destinada.
Tudo parecera excessivamente calmo até àquele momento, suspeito no mínimo... Mas agora regressara ao normal naquele ambiente. Granadas eram atiradas pelo ar de ambos os lados e os tiros ecoavam por todo o terreno, fazendo-nos temer, tal a baralhação de distâncias que se instalava nas nossas cabeças. Uma bala podia ser disparada a cem metros e nós podíamos senti-la a escassos centímetros de nós, e o contrário. Naquelas situações nada  na nossa mente jogava certo, tudo baralhava e deturpava a realidade. 
Descontraí os músculos dos ombros e avancei até a uma casa abandonada relativamente perto. As minhas passadas eram breves mas progressivas. Tinha de me abrigar nalgum local longe do tiroteio e ao mesmo tempo, num ponto estratégico de onde pudesse avistar o inimigo.
sniper tornava-se mais pesada a cada passo e o fato de guerra não se tornava mais leve com o passar do tempo. Pouca aragem corria naquele clima desértico, e o calor parecia infindável. Mas nenhum da equipa podia ficar para trás ou desistir pelo caminho. Estávamos ali juntos e eu contava regressar à base com todos os meus colegas...Ah! Mal tinha eu conhecimento do meu destino!
Abriguei-ma na casa, pensando não ter sido seguido e vasculhei o exterior em busca de presença inimiga. As ordens eram claras. Qualquer elemento que não pertencesse à nossa base, deveria ser abatido. Ninguém podia escapar, à exceção de crianças e mulheres, que aos poucos se refugiavam ainda mais nos seus esconderijos, procurando desaparecer da zona de batalha. 
Avancei um pouco mais, repercutindo os meus passos e passei à divisão seguinte daquela casa. A sala. As condições não eram as melhores, pelo o que os meus olhos viam, e o sangue protagonizava naquele espaço de terror. A minha expressão alterou-se. Junto aos meus pés encontrava-se algo que eu não vira anteriormente... Dois cadáveres. Embebidos em sangue, caídos no chão sujo. Duas crianças...
Senti um aperto no estômago. Os seus pequenos corpos negros estavam sobrepostos e em ambos os rostos, era nítida a agonia e o medo. As suas mãos estavam agarradas, poisadas ao lado dos dois pequenos corpos. Lágrimas picaram-me os olhos. Era aquilo que eu mais temia em cenários de guerra... Que inocentes fossem arrastados pelo meio.  Era triste, injusto, inumano, exterminar quem nada tinha a ver com aquilo. O fogo cruzado era perigoso e podia colher pelo meio quem nada lhe dissesse respeito, e tal acontecera.
Jurei para mim próprio que em momento algum a minha arma mataria pelas minhas mãos alguém que não o merecesse. 
Prossegui caminho, empunhando a arma e atravessei a casa de uma ponta à outra. Parecia deserta à exceção dos pequenos cadáveres que ainda mexiam comigo. Pobres crianças... Não haviam merecido que as suas vidas assim terminassem. E com nada haviam podido combater.
Um ruído além do tiroteio exterior alertou-me. Algo que não viera de fora daquela casa. Um pequeno estrondo, como se algo tivesse sido derrubado. Rodei sobre os meus calcanhares, nunca baixando a guarda e vasculhei com o olhar todo o meu redor.  Algo não batia certo. Outro ruído. Avancei três passos silenciosamente, e preparei-me para disparar sobre o inimigo. 
Não podia esperar o que se seguiu, mas poderia ter evitado tudo o que aconteceu. Senti o meu corpo ser balançado para a frente com o impulso dado por alguém na minha retaguarda. Senti o peso de um corpo em cima do meu e debati-me fielmente para desalojar o inimigo das minhas costas.  
No meio daquela confusão, um som soou mais alto no meio de tudo o resto. Um tiro. No segundo seguinte, já o peso nas minhas costas desaparecera e o inimigo estava estendido no chão. Inicialmente o alivio despoletou em mim e um suspiro formou-se... Até eu me virar. No chão estava um corpo sim, morto, rodeado por uma poça de sangue... 
O corpo de um jovem, uma criança. 
Eu havia morto um inocente. 

Ainda hoje me recordo desse episódios todos os dias... Passados 30 anos, não houve um único dia que não me recordasse do facto de eu ser um assassino. Ainda hoje acordo de noite com a testa embebida em suor e as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto. Eu não mereço viver, e por isso, peço todas as noites que Deus me leve. Mas Ele não o faz, e eu não tenho mais solução. Este revólver pende na minha mão e os meus dedos rodeiam-nos firmemente. 
Hoje ponho fim a tudo, com uma única bala.

One-Shot semanal. 
Bree Emma Sommers :)

abril 13, 2012

Mãe-filha

Quando somos sangue do mesmo sangue, sangue que fervilha em cada discussão ... o mesmo! Não devias ser tão intolerante comigo. Não devias, nunca mas nunca encostar a tua mão na minha face de menina crescida. Estou cansada de que tudo o que eu faça seja questionado por ti. Reclamas da minha idade mas não me deixas tomar uma decisão e nem sequer confias nas minhas escolhas. Se não sigo os teus conselhos estou a desobedecer-te ou a simplesmente a querer lixar-te o dia só porque tu ficas chateada comigo. Nunca na minha vida as minhas escolhas, a maneira como faço as coisas foi deliberadamente pensada para te prejudicar ou aborrecer. Tenho mais que fazer! Se fiz como fiz ou faço como faço é porque acredito que funciona. Se não vai ao encontro do que tu aprendeste, não tens que me julgar por fazer diferente e muito menos achares que só por teres um grau de parentesco directo e bastante próximo que podes obrigar-me a fazer como tu queres. Entre pedires-me e a mandares vai uma distância bastante pequena ... a linha que as separa é ténue e tens a tendência a pisar ou até mesmo a ultrapassar o risco! Interpretas as minhas palavras da maneira como te apetece, a nossa proximidade nunca deveria ter passado de mãe-filha. Nunca podia ter ponderado de que podia esquecer o facto de seres mãe e ver-te apenas como amiga. Sinceramente? Isso destruiu-nos completamente. Fez-nos esquecer pequenos detalhes em relação ao respeito. Não tolero que digas que não sou sincera, que não admito os meus erros, que não sou humilde o suficiente para os fazer e afirmas a pés juntos porque o facto de seres minha mãe não te deixa veres a razão que por vezes possuo! Não te deixa considerar outros caminhos, outras maneiras de chegar ao mesmo destino porque tu nunca tiveste quem te deixasse falar, fazer-te ouvir ... tu deixas-me falar mas dizes que estou errada. Já nasci errada só de ser tua filha. De não ser o rapaz que o pai desejava. De não chegar às expectativas que tens de mim ... dizes que não segurei as notas a tempo? Que está tudo perdido? Que não aproveitei o tempo? Vou mostrar-te que estás errada. Tanto neste ponto como na minha concretização como mulher. Vou ser melhor que tu, vou saber ouvir os meus filhos, dar-lhes razão se a tiverem e não é o facto de admitir que errei perante decisões, gritarias, ofensas aos meus filhos que eles deixarão de me respeitar ... aliás, só os estou a convidar a isso mesmo e depois sabes o que acontece!? Serão aquilo que tu queres que eu seja para ti! E apenas o serão porque serei aquilo que não és para mim. Nunca é para te contrariar, nunca é por prazer, nunca é por querer te mal ... não te quero mal mas tenho que descobrir-me e para isso, tenho que fazer buracos com a cabeça e tu apenas tens que assistir ... impávida e serena. 

Nota: Desabafo fictício;
com revolta no coração, Cass a renegada das sextas
Em breve, teremos novidades ... temo é não serem as melhores!

abril 11, 2012

Futilidades


Antes de mais nada quero pedir desculpa pela minha grande ausência. Tenho andado super ocupada com tanta coisa que não tenho tido tempo para as minhas queridas renegadas e para vocês, leitores que são o motivo pelo qual nós estamos aqui. Vamos ao post...
Hoje saí mais cedo do trabalho e fui almoçar com a minha mãe e a minha irmã ao Subway. Enquanto comíamos, estava a passar a MTV e um programa do qual já nem me recorda o nome. Era basicamente um rapaz rico, super fútil a organizar a festa "da vida dele." Mas antes disso, mostrou a casa, o cachorrinho que tinha vestimentas próprias para condizer com as dele, os 300 pares de sapatos que ele disse que tinha, as milhares peças de roupa, camisolas  e malas que custaram acima dos mil dólares... Para ficarem arrumadas num canto, porque ele tem pena de as usar e não as quer estragar. E agora eu pergunto: Mas que raio?! Porque é que a vida tem de ser assim? Uns com tudo e outros com tão pouco? Existem pessoas a passar fome todos os dias, a lutarem por mais um dia, a procurarem por comida nos contentores do lixo, a dormirem nas ruas. Para este tipo de gente ter tudo... Juro-vos que só me apetecia mandar-lhe uns safanões e chamá-lo para a realidade. Como pode haver este tipo de gente no Mundo? E as pessoas têm que andar atrás dele feitos cachorrinhos, porque senão são despedidas, como ele está sempre a dizer. E a imagem acima diz tudo. Está tudo dito. Mais uma vez, desculpem a minha ausência.

Beijinho grande da vossa Renegada das Quartas-feiras.
Ruth Pacheco

abril 10, 2012

The Lesson

É muito fácil permanecer com o semblante cravado no chão, continuando a fazer com que os outros nos pisem como se fossemos meros galhos secos inertes no solo. É mais fácil ouvirmos as críticas dos outros e resignarmo-nos, pois assim não temos de gastar o nosso latim nem pensar para nos defendermos. É muito mais simples os outros defenderem-nos, pois assim irão temer-nos. É muito fácil esperar que tudo chegue a nós com um simples estalar de dedos, pois assim não temos de mover o nosso rabinho para nada e tudo nos cai aos pés como se fosse pó vindo das estrelas. 
Sim, é muito fácil não fazer nada e esperar que os outros o façam por nós. O mesmo acontece quando queremos que os outros consertem os nossos erros, quando copiamos nos testes através de cábulas ou pelo parceiro do lado, quando os outros nos  defendem e em muitas outras situações que no nosso quotidiano nos deparamos. É normal pensarmos que a nossa vida seria muito mais fácil se não tivéssemos problemas. De facto, é verdade, mas que piada teria se não tivéssemos desafios? Se não existisse um maldito problema de matemática que nos desse cabo dos malditos neurónios que teimavam não estabelecer ligações neuronais com o outro? Se não existisse aquela pessoa que cada vez que vemos à nossa frente nos apetece esventrá-la? Se não existisse aquele terreno incerto, semelhante a areias movediças, a que chamamos dúvidas? Não posso dar a minha opinião, pois diariamente me deparo com problemas e acho que todos nós somos assim. Portanto, que medo há que ter da vida? Ela prega-nos partidas, é certo. Arremessa-nos contra uma parede de betão, faz-nos cair, faz-nos cair vezes sem conta, mas tem sempre o objetivo de nos fazer levantar e se não o fazemos é porque não queremos. Todos nós somos fortes. Apenas alguns não sabem aproveitar a força que detêm no seu âmago! Todos nós temos dúvidas, incertezas, medos, mas há que saber contorná-los. Atacá-los como se fôssemos vikings e vencer aquilo que outrora pensávamos não conseguir! A vida é isto: cair, levantar, voltar a cair, sofrer, cair, viver, ser feliz, cair, cair novamente, levantar, cair, levantar. Se eu continuasse nunca mais sairia daqui, mas é certo que nem tudo é um mar de rosas, ou melhor, é, mas não são só pétalas. As rosas têm também espinhos que quando nos perfuram a pele nos produz uma dor acutilante, mas para isso é que retirámos o espinho: para a dor atenuar até que cesse. Não há vidas perfeitas, por isso escusamos de invejar a de fulano ou cicrano. Tudo depende da forma como vivemos e levamos a nossa vida. 
Portanto, sejam felizes e lembrem-se que esperar que os outros resolvam os nossos problemas apenas vai fazer com que essa resolução seja efémera e que quando ele surgir novamente, não o saberemos solucionar.

Hayley Logan,

abril 09, 2012

Labirinto mental


Acordei sobressaltada como acontece a cada noite em que o meu inconsciente decide pregar-me partidas. Estava dentro de um carro e pelo que fui observando, estava em Nova Iorque. Naquela cidade onde são realizados sonhos e onde crescem outros a uma velocidade estonteante. Sinto uma tontura e quase que perco os sentidos e quando me apercebi, encontrava-me à beira de um precipício. A figura do caro tinha desaparecido. A sensação de felicidade, infelizmente, tinha também desaparecido para dar lugar à sensação de culpa, de que não tinha mais razões para viver.
Observei-me e vestia aquele típico vestido branco mas não era aquele que vês e encontras facilmente. Era um vestido de noiva. Cauda em forma de funil e consideravelmente, longa. Véu e cabelo preso. Senti algo nas mãos. Um ramo de orquídeas, as minhas preferidas, meticulosamente arranjadas. Com o susto e incerteza do que raio se estava a passar, o ramo escorregou por entre os meus longos dedos e caiu. Observei a sua queda e as pétalas a pairarem, inexpressivas. Não vi o fundo àquele precipício nem, na sua largura e imponência, o lugar onde o ramo caiu, inanimado mas também não era o que mais importava naquele momento mas eu sentia que sim e como não fazia a ideia de onde estava, porque estava assim vestida e porque razão me sentia assim, as perguntas surgiram à velocidade da luz na minha mente e fui assaltada por uma vontade inexplicável de chorar. Perdi as forças e quase caí para a frente, onde decerto iria de encontro à morte, ao ramo de orquídeas. Morta, o mais certo. Recuei instintivamente e senti-me cair de costas e nesse escasso tempo em que estava a cair, o cenário mudou. Já não vestia aquele vestido imaculado mas sim uns calções de ganga, top floreado e saltos altos. Caí desamparada nos braços de alguém. Sei-o pois senti o seu calor, o seu respirar e bater acelerado do seu coração, o que provocou uma sensação de bem-estar e um sorriso involuntário.
- Estás bem?
Olhei aquele ser com olhos de ver e constatei que nunca tinha visto algo tão bonito. Moreno, olhos verdes e traços do rosto, simplesmente, lindos aos meus olhos. Fiquei sem noção, sem jeito e simplesmente afastei-o de mim e saí dali. Quer dizer, nem sabia bem onde me encontrava. Apesar da pressa de sair, consegui registar na minha mente pequenos detalhes sobre aquele local e à primeira impressão, parecia uma festa numa casa enorme. Senti um calor inexplicável e a sensação de que devia sair dali. Abri cada porta e estas apenas, iam dar a outras divisões da casa. Era abordada e convidada a um shot ou até mesmo a um selo. Nem me dava ao trabalho de responder, fechava a porta e obrigava os meus pés a efectuarem meia-volta com o simples objectivo de encontrar uma saída. Após busca intensiva e de constatar, por mais estranho que fosse, a inexistência de janelas, avistei um jardim. Obriguei-me a correr procurando sair daquela propriedade. Questionei-me da quantidade de tempo que teria passado, o meu corpo gritava para que eu parasse mas aquele jardim parecia não ter fim e eu queria uma saída. Cada vez que me distanciava, avistava de novo a piscina e aqueles seres loucos a festejarem. Não havia fim. Frustrada, sentei-me e decidi abordar uma rapariga.
- Hey, há alguma maneira de sair daqui? disse, tocando-lhe para que ela me olhasse. Os olhos dela pareciam possuídos. Quer dizer, ela parecia possuída e para comigo pensei, efeitos das drogas sem dúvida e apenas obtive dela uma frase repetitiva "Não há saída! Não há saída!" com uma voz rouca e monótona. Assustada, tentava perceber quem ela era pois aquela cara, não me era estranha.
A Tatuagem. O dragão desenhado meticulosamente a envolver os seus dedos. Só podia ser a Mel. Tentei chamá-la e nenhum som saiu da minha boca. Senti alguém a puxar-me e afastar-me dela e apenas, tentava desesperadamente chamá-la com intenção de que ela acorda-se daquele transe. Mudei de objectivo. Ela já estava longe. Tentei soltar-me e nesse momento, senti uma dor indescritível e parecia que estavam a arrancar-me a pele. Os meus olhos teimavam em fecharem-se e eu apenas lutava contra isso mas fui fraca. Desmaiei.
- Amy? Amy?
Esta voz não me era estranha. Abri os olhos e era a Mel.
- O que se passou? Estás bem? Tomaste alguma droga? Que casa era aquela? Mel, responde! Sei que era real. Só podia ser real. Tinha que ser real. Eu vi e senti, TUDO! Onde estou?
O quarto era branco. A Mel estava do outro lado e via a partir de uma janela. Tentei levantar-me e constatei que estava amarrada à cama. Desatei a gritar.
- Mel? Que raio se passa? Isto é um sonho? Mel? Mel?
Comecei a chorar e a tentar libertar-me. A Mel entra no quarto, abraça-me e sussurra-me ao ouvido.
- Voltou a acontecer. Não é um sonho. Tens um problema e tens que admitir isso. Vês coisas que não existem, Amy. Precisas de ajuda. Desculpa.
Beijou-me a face e vi os seus olhos a querer inundar-se em lágrimas.
- Onde vais? Mel?
- Amy, a tua mente prega-te partidas. Já não sabes distinguir o que é real ou não!
- Eu sei que és real, Mel!
- Sim, sou mas a tal casa, o vestido de noiva, o carro não são reais.
- Como sabes disso?
- Eu vi! Tu, no nosso apartamento, estavas ... nem sei! Assustaste-me a sério, Amy. Apenas, já não distingues. Agora, deixa-me ir. Está na hora do comprimido.
- Não! Mel, não vás! Não quero tomar aquilo! Tira-me o que sou. Mel, não vás - as lágrimas já caiam. A voz já falhava e parecia que nada do que eu pudesse dizer iria fazer com que a Mel me tirasse dali.
- Adeus, Amy.
E saiu. Naquele momento, fiquei sozinha mas por pouco tempo. A enfermeira entrou e deu-me o tal comprimido. Assim que o engoli, tudo ficou escuro aos meus olhos e adormeci, deixando que o eu se fosse embora. Sim, confesso já não sei o que é ou não real. Vivo presa entre dois universos paralelos. Os comprimidos e o isolamento são o cocktail perfeito para me manter distante das alucinações. Até àquele dia.
20 de Outubro de 1990. Faziam questão de me dizer que dia era. Neste dia, escrevi isto tudo e programei durante uma semana, recolher todos os comprimidos, fingindo que os tomava. Separados faziam a sua função, juntos eram o Cocktail perfeito para um suicídio. Chegou dia 20 e numa ida à casa de banho, ingeri-os todos de uma vez. Disse Adeus a um dos universos, ao real e agora sim, estava no meu lugar, onde pertencia. E foi naquele dia que vi por uma última vez a Mel e ela olhou-me sabendo o que iria fazer.Vou ter saudades dela. Apenas renasci e deixei de estar dividida entre o real ou não e passei a pertencer ao real da minha mente.

abril 07, 2012

«Porque quem tem, não sabe dar valor» *história fictícia




7 de Abril de 2012
Mãe
Não sei onde te encontras, não sei para onde navegaste. Para longe, com certeza... Mas onde fica esse "longe" que há tanto eu procuro?
Esta não é a primeira nem será a última carta que te escreverei.. Na verdade, esta será como todas as outras, inútil e desesperada. Como sempre as páginas amachucadas e rasgadas preenchem o espaço à minha volta... Todas elas escritas, todas elas preenchidas por palavras sem sentido, trilhos de tinta sem rumo algum... Mas todas elas contêm a mesma frase. A frase que sempre repito, que nunca esqueço, que me ocupa com incertezas e me inunda com dúvidas. "Onde estás tu, Mãe?". Porque não estás aqui?
Eu vejo, dia após dia, todos os outros miúdos. Eles brincam. Riem. Jogam. Partilham. Eu vejo o brilho nos olhos deles. Um brilho que nunca enxerguei no meu próprio olhar. Um brilho que sempre faltou. Algo que se perdeu no passado. Todos eles portam aquele sorriso como se nada os pudesse afetar.. Pudera! Todos os dias retornam a casa e têm o calor do abraço de uma mãe e a proteção fiel de um pai. E o que tenho eu, quando retorno a casa? Nada. Ou melhor, até tenho. Lençóis frios, um colchão velho e o ruído incessante produzido pelos outros trinta órfãos que me acompanham. Solidão. Eu e a minha almofada, que de mim já reconhece as lágrimas, que de mim já conhece os traços e desejos. 
Onde estás tu, Mãe? Porque não estás aqui, comigo? Eu compreendo. Eu própria me abandonaria. Não sou o tipo de filha perfeita que alguma mãe desejaria... Mas se aqui estivesses... Eu juro que não seria como todos os outros miúdos. Eu não te iria desprezar após ter conseguido a prenda que há tanto exigia. Não te iria pedir todos os jogos e brinquedos acabados de sair! Iria simplesmente divertir-me a teu lado. Ajudar-te em todas as tarefas, assistir aos meus filmes de animação favoritos junto de ti, contar-te todos os meus segredos, partilhar contigo todas minhas desilusões amorosas e segredar-te o nome de todos os rapazes que me chamassem à atenção. Não ia perder horas infinitas agarrada ao computador, como todos os outros. Iria passar os serões contigo, para que todos os dias tu desejasses voltar do trabalho para casa com uma vontade indescritível de estar comigo. Ia tomar conta de ti quando adoecesses e tratar de tudo na tua ausência. 
Mãe... Eu faria tudo aquilo que não vejo os outros fazerem, só para te ver feliz. Eu iria aplicar-me na escola, fazer amizades e convidar todos para se reunirem em nossa casa... Apenas para que pudesses ter a alegria de nos ver a estudar em grupo. Eu iria errar, Mãe... Quem não erra?  Mas fá-lo-ia inconscientemente e desculpar-me-ia sempre. Não te ia mentir. Não ia inventar desculpas. Mãe! Eu só te queria aqui.
Não seria como todos os outros, não te ia dar valor apenas quando partisses... Ia relembrar-te todos os dias do quanto te amo. Da falta que me irias fazer quando partisses... Ia abraçar-te e receber-te todos os dias com um sorriso nos lábios e um beijo no rosto. Só para que o stress do teu emprego se desvanecesse ao chegares a casa. Não te ia dar demasiado trabalho. Eu até arrumaria o meu quarto sozinha, e o teu e toda a casa, para que não te cansasses. 
Mãe! Eu faria tudo por ti, se aqui estivesses... Mas não estás. E eu nem sei onde páras. Mas preciso de ti. Este orfanato assusta-me. As histórias que ouço, fazem-me temer o futuro. Porque não podes tu vir buscar-me? Sinto-me sozinha aqui. Rodeada de estranhos que me assustam. Preciso de ti, Mãe. 
Há tanto que te quero contar, tanto que desejava partilhar contigo.. Onde quer que estejas, por favor, volta.
Não sou como os outros. Eu amo-te de verdade, mesmo sem saber quem és. E não tenho medo de dizê-lo como todos os outros. Todos eles dispõem de um Pai e de uma Mãe, aos quais podem diariamente dizer o quanto os adoram, e no entanto, não se dignam a fazê-lo. É mais fácil deixar para amanhã, afinal, os pais deles estarão sempre ali no dia seguinte , até ao dia em que não estarão mais. Mas não é o meu caso. Não tenho a sorte deles. Uma sorte que eles nem reconhecem. Desvalorizam, ignoram. Porque quem tem uma Mãe e um Pai, não sabe dar valor. Eu não te terei de novo amanhã, tal como não te tive ontem. Mas irei dizer-to sempre. Eu amo-te, Mãe, estejas onde estiveres, sejas quem quer que sejas. 
Mas, por favor, volta.. Preciso de ti, todos os dias.
Com Amor.

*História fictícia.
Bree Emma Sommers#
A Renegada das Quintas que anda atrasada :p 
Boa Páscoa a todos!

abril 03, 2012

Padrões

Não suporto gente racista, xenofobista e que não têm qualquer respeito por pessoas que fogem ao padrão imposto pela sociedade. Parece que lhes custa entender que cada um é diferente e que não devemos nunca nos moldar de modo a assemelhar-nos com um alguém que é ideal. Qual o problema de ser asiático, inglês, angolano, brasileiro? Qual o problema de ser negro, branco, amarelo ou vermelho? Qual o problema de ser homossexual? Não, sociedade, tu é que tens um grande problema: colocas rótulos.
Lá por pertencermos a uma cultura ou a um determinado espaço geográfico não quer dizer que sejamos como a maioria. Por exemplo, os portugueses são considerados como nada pontuais e nisso eu sou o oposto. Dessa forma seria considerada britânica. 
Quando ouço dizerem "Ei! Olha um preto!", apetece-me chegar à beira dessa mesma pessoa e dar-lhe uns bons tabefes porque se fosse minimamente inteligente e culta, teria percebido que a cor de pele propriamente dita não existe: é tudo uma questão de mais ou menos melanina.
Outra coisa que me irrita e sobretudo acontece cá em casa é zombarem dos homossexuais porque ah e tal, na Bíblia diz que não se podiam casar homens com homens e mulheres com mulheres porque senão o casamento não era abençoado... Tretas! Tretas! Tretas! Na Bíblia também diz "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" e somos capazes de odiar-nos uns aos outros, bem como diz que devemos promover a paz e estamos sempre prontos para armar guerra! A homossexualidade não afeta nada. É preferível viver toda a vida infeliz com alguém que não amamos ao invés de admitirmos o que realmente somos? Não, por favor, isso deve ser extremamente penoso! Para além do mais, do que adianta o casamento ser abençoado se as pessoas não se amam? É o mesmo que dar guarida a um mendigo numa casa sem teto! 
A questão é: precisamos mesmo de ser assim? Promover a intolerância e agirmos como se nós estivéssemos corretos? Ou... tentar perceber os outros e colocar-nos na sua pele? Indubitavelmente, penso que todos devamos escolher a segunda hipótese.